No mundo cósmico e também no mundo
químico, a formação de estruturas é um fenômeno que demonstra a tendência que
as partículas exibem no sentido de se organizarem e ocuparem seus lugares bem
definidos no espaço, seja a nível macroscópico ou microscópico. A forma das
moléculas, a formação de cristais, o formato esférico dos planetas, por
exemplo, são algumas dessas evidências. Assim também na sociedade, o homem
tende a formar estruturas sociais que denotam a colocação, a função, a classe
social na qual se encaixa cada ser humano.
Na química, quando essas estruturas
moleculares deixam de existir para dar lugar a outras, com novas
características, outras propriedades, outra combinação atômica, dizemos que
houve uma reação química. E esta reação química é sempre acompanhada de uma
variação de energia chamada de entalpia.
Na física, mais especificamente na
termodinâmica, dizemos que o aumento na desordem de um sistema é acompanhado de
um aumento de energia denominado entropia. Nesse contexto, poderíamos dizer que
a quebra de estruturas sociais também apresenta um envolvimento energético, um
distúrbio, uma instabilidade que leva o homem a refletir a respeito de seu novo
comportamento diante da transformação, diante do novo, à frente de uma situação
nunca antes experimentada.
Somos seres sociais e nesta
condição é necessário que saibamos como viver e conviver com estas
transformações que fatalmente interferem nas nossas relações pessoais, nas
relações de trabalho, de amizade, de família. É sob este prisma que vamos
considerar a corrupção – como um agente transformador, um destruidor de
estruturas, um fator capaz de alterar o comportamento daqueles que de um modo
ou de outro estariam envolvidos em atos de corrupção. Por fim, poderíamos ainda
relacionar a corrupção como um fator entrópico, um fenômeno que promove a
desordem, um acelerador do caos, um catalisador das desavenças, um reagente
químico de alta periculosidade.
Dieter Flavius Rothenburg