domingo, 5 de outubro de 2014

Refletindo estruturas - formação, transformação e desconstrução

No mundo cósmico e também no mundo químico, a formação de estruturas é um fenômeno que demonstra a tendência que as partículas exibem no sentido de se organizarem e ocuparem seus lugares bem definidos no espaço, seja a nível macroscópico ou microscópico. A forma das moléculas, a formação de cristais, o formato esférico dos planetas, por exemplo, são algumas dessas evidências. Assim também na sociedade, o homem tende a formar estruturas sociais que denotam a colocação, a função, a classe social na qual se encaixa cada ser humano.
Na química, quando essas estruturas moleculares deixam de existir para dar lugar a outras, com novas características, outras propriedades, outra combinação atômica, dizemos que houve uma reação química. E esta reação química é sempre acompanhada de uma variação de energia chamada de entalpia.
Na física, mais especificamente na termodinâmica, dizemos que o aumento na desordem de um sistema é acompanhado de um aumento de energia denominado entropia. Nesse contexto, poderíamos dizer que a quebra de estruturas sociais também apresenta um envolvimento energético, um distúrbio, uma instabilidade que leva o homem a refletir a respeito de seu novo comportamento diante da transformação, diante do novo, à frente de uma situação nunca antes experimentada.
Somos seres sociais e nesta condição é necessário que saibamos como viver e conviver com estas transformações que fatalmente interferem nas nossas relações pessoais, nas relações de trabalho, de amizade, de família. É sob este prisma que vamos considerar a corrupção – como um agente transformador, um destruidor de estruturas, um fator capaz de alterar o comportamento daqueles que de um modo ou de outro estariam envolvidos em atos de corrupção. Por fim, poderíamos ainda relacionar a corrupção como um fator entrópico, um fenômeno que promove a desordem, um acelerador do caos, um catalisador das desavenças, um reagente químico de alta periculosidade.

Dieter Flavius Rothenburg

Um comentário:

  1. Grande Didi, sábias palavras. Acho que o diagrama de Gibbs faria uma boa analogia à tua ideia, afinal as mudanças advem de certos fatores que as impulsionam, a partir do momento que chegamos a um certo limite, as reações inevitavelmente devem ocorrer para manter a estabilidade do sistema. O mesmo ocorre com a sociedade, dadas certas condições as reações sociais são um meio natural de manter esta estabilidade. A corrupção, como citado, agiria fora da linha padrão de Gibbs, promovendo então o caos neste sistema, alterando inevitavelmente suas propriedades e gerando desordem. Assim como o homem toma estas estratégias para a sua vantagem na confecção de materiais com propriedades alteradas, o mesmo sofre destas reações em âmbito social. Saudações.

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